sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Natal

(Dezembro de 2000)

Chegou o natal.
Junto veio a alegria.
Alegria que nos faz pensar,
Esquecer o dia-a-dia.

Que não façamos esse ano
Um natal comum.
Que sejamos menos tristes,
Mais felizes, um a um.

Natal não é um dia.
É um estado de espírito,
Que nos traz linda magia.

Esqueçamos o que é material,
Lembremos do mito.
Chegou o natal.


:-)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Auto de Natal - Outro Natal

Texto de teatro escrito em conjunto com Cristina Papa para apresentação durante o Natal de 2007 pelo curso Técnico Ator 2007/2008 do SENAC Araraquara/SP, sob supervisão do professor Carlos Fonseca.


Download do texto em PDF: Outro Natal - Junior Martinez.pdf





:-)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Voar

(Agosto de 2000)

O céu azul é lindo,
E os pássaros voando mais ainda.
A liberdade deles está no céu,
Mas nas mãos do homem finda.

Sem o homem por perto
Os pássaros têm tudo o que querem.
Um imenso céu aberto,
Para nele livres serem.

Às vezes prefiro trocar
Toda minha racionalidade,
Pelo direito de voar.

Voar como um pássaro voa.
Na mais total liberdade.
Voar para sempre, voar à toa.


:-)

Quem não gosta?

(23 de maio de 2000)

Meu negro amigo.
Me desperta pra vida
Todo santo dia.

Meu doce amigo.
Se estou caindo,
Me dá energia.

Vem do verde.
Vem da roça.
Vem da plantação.

Vem para mim,
Trazendo força,
Trazendo emoção.

Veio para o Brasil.
Aqui cresceu,
Aqui caiu.

É arrancado,
É moído,
É ensacado.
É coitado,
É sofrido,
É amado.

Adoeceu:
É desprezado.
Sobreviveu:
É respeitado.

Satisfaz o Brasil toda manhã,
E durante o dia vem distrair.
No nascer-do-sol, é um galã,
No por-do-sol, parece não existir.

Sei que é pouco o que vem aqui poetizado.
Precisaria de mais linhas para defini-lo como é.
Não há quem negue a importância do coado.
Pois quem não gosta, de nosso querido café?


;-)

Saco Cheio

(Dezembro de 1999)

A vida está uma porcaria?
Eu sei.
Sei também que a culpa é nossa.
Faz tempo que não temos alegria?
Também sei.
E a culpa também é nossa.
O amor ultimamente está mal?
É. Supunha.
Imagino que seja culpa sua.
Todos os dias o sofrimento é igual?
Eu tenho certeza.
Será minha culpa? Não é sua.
Ah! O que fazer então?
Amar ou não amar? Eis a questão!
Está tudo errado?
Eu sei...
Também sei...
Já imaginava...
Está bem...
É claro... Argh!!!
Cansei.

Não agüento mais.
Não quero ser incomodado.
Desmarque todos meus compromissos.
Agora vou ser desligado.

Estou de saco cheio.

:-]

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Romão e Jucinéia

(Dezembro de 1999)

“Estou aqui para descrever
Um caso que assisti.
História bela de saber,
Quem quiser pode me ouvir.”

Num lugar já desconhecido
As pessoas tinham problemas.
Na guerra quase vencidos,
A vida longe de ser amena.
Seu rei sem soluções,
No reino só desilusões.

Havia um jovem solitário,
Que bondade tinha farta.
De grande poder imaginário,
Muito famoso de mata.
Com grande força e valentia,
De ir pra guerra esperava o dia.

Morava com seu pai João,
Sua mãe Maria e sua irmã Josefa.
Seu nome era Romão,
Habilidoso em muitas tarefas.
De dia trabalhava duro.
E a noite admirava o escuro.

Havia também Jucinéia,
A garota mais bela da região.
Os homens por ela tinham muitas idéias,
Porém era pura de corpo e coração.
Era uma donzela muito cuidadosa,
Cheia de problemas, porém bondosa.

Também morava com seus pais,
Dos velhinhos cuidava com muito amor.
Separar-se deles não pensava jamais.
Só tinha eles de bom, o resto era só dor.
Preocupava-se com a saúde deles.
Mas não imaginava que sintomas eram aqueles.

Os dois nunca haviam se encontrado.
Mas sempre há uma primeira vez.
Num dia de festa no povoado
Seus olhos se viram com lucidez.
Um calafrio sentiram no mesmo instante,
Algo que nunca haviam sentido antes.

Irineu, amigo de Romão,
Percebeu o sentimento que estava a desabrochar.
Logo viu que era coisa do coração,
E falou: “Amigo, você aprendeu a amar.
Já está na sua hora de descobrir esse sentimento,
Vá falar com ela para não haver arrependimento”.

Romão não sabia o que fazer,
Mas, como por instinto, foi à moça lhe falar:
“Senhorita! Desde que cheguei olho para você.
Assim descobri o que é amar.
Sei que você me entende, pois em sua expressão eu vi,
Sentimos os dois algo que eu nunca senti.”

“Cavalheiro, você tem toda razão.
Vendo-te hoje algo em mim aconteceu.
Algo novo em meu coração,
Algo que o destino um dia escreveu.
Fomos feitos um para o outro com certeza.
Um laço de amor feito pela mãe natureza.”

Passaram o resto da festa conversando.
No salão de dança estavam sentados.
Aos poucos as pessoas foram observando,
O jovem casal apaixonado.
Comentários de toda parte surgiram,
Mas para os dois, eles nunca existiram.

O tempo se passou,
E os dois já estavam casados.
Até que Jucinéia um dia encontrou,
Seus pais mortos na cama deitados.
De velhice os velhos morreram,
Mas em seu coração eles nunca faleceram.

Ficou muito triste com o acontecido,
Por sorte tinha Romão que a consolava.
Até que com o tempo havia compreendido
A ausência dos pais que tanto amava.
Ela sabia que sem o amor que por Romão sentia,
À perda de seus pais ela não sobreviveria.

Novamente felizes estavam vivendo,
Quando chegou o dia de Romão ir á guerra.
Maus pressentimentos ela estava tendo,
E juraram que aquele amor jamais sairia da terra.
Porém um fato cruel aconteceu,
Na guerra Romão morreu.

Jucinéia ficou sabendo da morte de seu amado
No mesmo instante que descobriu sua gravidez.
Seus pensamentos ficaram atordoados,
Mas seu amor lhe trouxe de volta a lucidez.
Ela só queria que ao filho o pai conhecesse.
No seu coração sentia como se o pai já soubesse.

No dia em que seu filho nasceu,
Ela foi até o túmulo de seu amado.
Foi só então que percebeu,
Que o juramento não estava acabado.
O juramento que o casal fizera um dia.
Juraram que o amor deles da terra jamais sairia.

“Aqui Romão, está a prova de nosso juramento.
Feliz do dia que te conheci com o coração.
Feliz eu sou desde aquele momento.
Aqui está o resultado dessa união.
Não se preocupe, nosso juramento não irá acabar,
Seu filho Ágape ensinará o mundo a amar.”

Essa era a estória que eu tinha a descrever.
Não vou obrigar ninguém a acreditar.
Mas em uma coisa vocês têm de crer:
“Quem ama de verdade, com Ágape aprendeu a amar.”


;-)

Dane-se

(Dezembro de 1999)

Hoje muitas pessoas nasceram
E outras tantas morreram
Agora tem gente morrendo
Só que não me conheceram

Hoje tem os desempregados
Com certeza hoje estão procurando
Aquele emprego tão esperado
Só uns poucos estão encontrando

E os mendigos?

Será que hoje estão mendigando?
Com certeza estão
Duvido que algo estejam ganhando

Tem também os doentes

Os hospitais estão umas bostas
Lá se entra com dor de cabeça
E se sai com problemas nas costas

Agora me lembrei dos presos

Até merecem estar onde estão agora
Muitos morrem lá mesmo
E os que não morrem ficam pior ao ir embora

Sem falar dos meninos de rua

São como mendigos juvenis
Que da mesma forma tentam viver
De uma maneira nada feliz

Nossa! Não acaba mais essa lista

Minha paciência está vencida
E esse povo está cada vez pior
Sem-terra, sem-teto, sem-amor, sem-vida

O gozado é que ninguém sabe de onde vem

Tanta coisa ruim e sofrimento
Este mundo não é o mesmo
Mudou totalmente, sem meu consentimento

Como pode isso?

Não consigo achar nada de bom
Será possível nada certo encontrar
Queria, pelos menos, revidar em mesmo tom

E nem direito de escolha temos

Não podemos viver noutro mundo senão esse
Ahh! Cansei de ficar preocupado a toa
Quero que todos e tudo... Dane-se!


;-)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Passeio Ciclístico

(03 de março de 2002 - baseado em fatos reais)



Era uma tarde de domingo como outra qualquer. Eu iria passar esse dia como passei muitos outros. Acordar tarde, comer qualquer coisa, ver um pouco de Faustão ou Gugu, ir dormir e dormir. Mas antes de ligar a televisão pintou outro programa. Minha tia (apenas um mês e seis dias mais velha que eu) propusera um passeio de bicicleta. Ela tem a dela, e eu estava com a bicicleta de meu irmão, que ficaria comigo por uns tempos. Tudo bem. "Vamos para o tal passeio. Onde?" Foi a indagação que surgiu. Minha tia sugeriu que fôssemos até o Parque Villa-Lobos, que não era tão longe, estávamos na Rua Fidalga, na Vila Madalena em São Paulo. Eu quase aceitei, mas relutei, e sugeri que fôssemos até o Jóquei Clube, o qual também não estava tão longe. Muito bem, depois de alguns minutos de discussão, consegui convencê-la de irmos ao Jóquei, ela gostara da idéia de atravessarmos a ponte sobre o rio Pinheiros.

Saímos da Rua Fidalga, entramos na Fradique Coutinho, seguindo em direção à Rebouças. Nesse trecho estávamos um pouco receosos quanto ao trânsito; principalmente eu, que não tinha o costume de andar de bicicleta pela cidade, ainda mais em local de trânsito intenso. Quando chegamos na Rebouças o receio já não era tão grande, talvez porque agora íamos pela calçada ou porque carros só haviam uns poucos passando naquele horário. Fomos até a ponte andando livremente, mas com cuidado. Atravessamos a ponte (no local há duas, fomos pela mais baixa). Confesso que a adrenalina subiu nesse trecho. Víamos o rio lá em baixo. Sujo, mas estava lá. A altura, a paisagem, a calçada estreita por onde tínhamos que passar, e dividir caminho com os poucos pedestres, tudo era diferente naquele dia. Do outro lado da ponte, um sentimento de vitória. Um sentimento de conquista.

Passada a ponte e o sentimento de vitória chegamos até a rua que nos levaria ao Jóquei Clube. Não me lembro do nome dessa rua, mas explico: logo após a ponte há um prédio bem alto do lado esquerdo no sentido em que vínhamos. Após esse prédio, a primeira rua a esquerda é a que estou falando. Pois bem, entramos na tal rua, e atravessamos para seu lado esquerdo, logo após a passagem subterrânea que há nela na mesma direção. Desse lado a rua estava totalmente deserta, e ainda havia uma calçada bem larga, por onde decidimos passar. Eu estava indo na frente, vendo a rua e a larga calçada vazias resolvi "acelerar" um pouco mais. Pedalei mais forte e tomei a dianteira. Andado uns 100 metros a uns 20 Km/h eu tirei as duas mãos do guidão, confiando em minha vasta experiência com bicicletas. Sem as mãos eu olhei para trás, para ver aonde vinha minha tia, nesse segundo apareceu um buraco e VAPT!!! O pneu dianteiro caindo no buraco virou totalmente e eu perdi o equilíbrio. Fui lançado ao chão, caindo com o queixo e o joelho direito naquela calçada áspera. Foi tudo muito rápido. Não tive tempo nem de assimilar o que estava acontecendo. Estava sem as mãos, me virando para trás para ver minha tia, e de repente senti um forte impacto no queixo e no joelho. Quando me dei conta da situação a primeira coisa que pensei foi: "Merda!". Não senti dor alguma. Tentei me levantar e vi que a bicicleta estava sobre mim, e que minhas pernas estavam praticamente entrelaçadas com a magrela. Fiquei lá caído de bruços. Minha tia se aproximou, um pouco querendo rir, um pouco preocupada. Eu fiquei lá por uns 30 segundos, e minha tia me olhando. Não fiz nem menção de me levantar, ou de me esforçar para tirar a bicicleta de cima. Se minha tia não tivesse tomado a iniciativa de me ajudar eu estaria lá até agora. Ela segurou a bicicleta e pude ouvir: "Levanta as pernas!". Eu obedeci. Obedeci pela metade. Consegui levantar só a perna esquerda. A outra ficou estirada. E minha tia levantou a bicicleta assim mesmo. Depois de já estar sem a bicicleta por cima de mim, ainda fiquei por mais alguns segundos sentindo o gostinho de acidentado no local do acidente.

Quando finalmente resolvi me levantar senti um incômodo no joelho direito, o qual eu havia apoiado na hora do tombo. Voltei meu olhar para ele, e constatei que havia me ferido. Estava bem ralado e sangrando. Não pude evitar de pensar: "Merda!". Mexi um pouco as pernas, balancei-as e não senti dor alguma. Somente sangrava. Estava ciente da ferida no joelho, quando senti algo escorrendo no queixo. Levei a mão até o local, e vi em minhas mãos mais sangue. Machuquei o queixo também. Virei-me para minha tia, que ainda estava um pouco assustada pela queda, quando viu meu joelho exclamou: "Vixe! Machucou o joelho!". Eu não pude evitar, concordei soltando outro "Merda!". Admirou um pouco aquele meu novo companheiro e reparou em meu queixo, exclamando: "Nossa! Machucou o queixo também". Não deu outra, respondi um punhado de "Merda!".

Nesse momento eu estava mais nervoso do que acidentando, só pensava em merda. E minha tia que mesmo assustada conseguia realmente pensar, sugeriu que eu tirasse a camiseta e a colocasse no queixo, para estancar o sangue. Fiz isso. Voltamos a pé, levando as bicicletas que antes nos levavam, e ainda fui ao Hospital das Clínicas aguardar mais de três horas para poder levar três pontinhos no queixo e fazer curativos no joelho.

Não foi bem assim que havia imaginado esse domingo, mas pelo menos aprendi algo. Aprendi que naquela rua próximo ao Jóquei Clube tem um buraco bem grande que deve ser lembrado num passeio ciclístico.


;-)