domingo, 25 de julho de 2010

Quebrei, quebro, e, quebrarei...

Há um bom tempo nascia Júnior, um menino que já nasceu quebrando as coisas. Ele chorava e se sacudia muito, e numa dessas sacudidas acertou o pezinho na maleta de remédios do doutor, foi xarope para todo lado, não sobrou nenhum frasco inteiro.
Júnior foi crescendo, crescendo, e deixando seu rastro. Aos dez meses de idade (quando começava a andar), Júnior já tinha quebrado muita coisa: copos, pratos, vasos, e até uma televisão que estava sobre uma mezinha, o menino foi inventar de subir na mesa e, vupt! Caíram os três; Júnior, é claro, não sofreu nada, caiu numa almofada, mas a televisão se transformou em mil pedaços, a mesinha também quebrou, era de vidro. 
Com cinco anos, prestes a entrar na escola, a soma das “quebranças” de Júnior era incalculável, mas com essa idade ele já sofria com as conseqüências; quase sempre se ouvia um grito de sua mãe: “Júnior! O que você está quebrando?”, ou então, “Júnior! Pará de quebrar as coisas”. Ele até já estava com algum tipo de fobia, não podia ouvir falar no verbo quebrar ou qualquer conjugação desse, que ele tinha um ataque de nervosismo. Quando entrou na escola, quebrou muita coisa também, mas o pior desastre se passou na terceira série. Certo dia a professora entrou na sala e disse: “Hoje, queridos alunos, vamos estudar o verbo quebrar”. Júnior ficou paralisado por alguns segundos, levantou bruscamente e saiu correndo sala afora. Na saída, esbarrou na primeira carteira da fila; caneta, grafiteiro e régua, foram lançados ao chão, e quebrados. A professora foi atrás dele e ficou sabendo o que se passava, assim mudou o verbo de estudo, em vez de “quebrar”, estudaram “mudar”. Júnior teve grande influência positiva com essa atitude.
Hoje em dia, Júnior continua quebrando as coisas, mas está se esforçando para melhorar, sua fobia sumiu quase que por completo... Ops! Mais um desastre de Júnior. Quebrei a ponta do lápis...


- 08 de junho de 1998.



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